"É Natal, é Natal, mas... Pinto da Costa sabe que, ao elogiar Jorge Jesus, está a tentar semear a divisão e a discórdia no Benfica. O presidente do FC Porto nunca deixou estas situações ao acaso e, ao longo dos anos, foi refinando a sua apetência por "marcar" os treinadores com uma espécie de "ferro em brasa". Surge a mensagem, quase sempre indireta, do 'interesse em'. É uma espécie de condicionamento psicológico. Quem não gostaria de treinar o FC Porto? Não faltavam candidatos ao lugar ocupado por André Villas-Boas. Candidatos antecipadamente "marcados". Ou por serem (ex) discípulos da "escola". Ou por se terem revelado noutras paragens. Ou por serem cobiçados pelos adversários. Pinto da Costa é assim: estratego, tudo em benefício da maior das suas "paixões" (embora muito bem remunerada), o FC Porto. Jorge Jesus, por se ter tornado treinador do Benfica, achou que não deveria ajudar no combate ao "FC Porto de Pinto da Costa". São públicas as manifestações de simpatia entre o presidente portista e Jorge Jesus. Na Luz, essa "independência" do seu técnico nunca foi muito bem entendida nem digerida. Porque entre o "direito ao afeto" e a "lógica da instrumentalização", nem sempre vence a razão. A defesa tardia de Jorge Jesus por parte dos responsáveis benfiquistas (nestas matérias, as hesitações só são legítimas durante um par de horas...), num momento em que os resultados deixaram de combinar com o fulgor da época passada, levou Pinto da Costa a "forçar a nota" e a "carregar nas tintas" no âmbito de uma ampla solidariedade às competências de Jorge Jesus, no seguimento dos elogios protagonizados por André Villas-Boas sobre o mesmo assunto. É Natal, é Natal, mas, entre palhinhas, apetece perguntar: afinal, quem é o burro?..."
Rui Santos, que erra mais vezes que aquelas que acerta, hoje nas páginas de Record.